UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DO LEITOR COMPETENTE
Mestranda: Elisângela Oliveira Lopes
(INSTITUTO: LEGO CURSOS – TURMA 3)
Novembro / 2012
Buenos Aires – Ar
UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DO LEITOR COMPETENTE
Mestranda: Elisângela Oliveira Lopes
(INSTITUTO: LEGO CURSOS – TURMA 3)
Pre-proyecto de tesis presentado a los profesores: Dr. Oscar Graizer, Prof. Mg. Verónica Domínguez y Prof.Dr. Luis María Etcheverry de la Universidad Del Salvador como requisito parcial para la adquisición del diploma de Maestría en Educación.
Novembro / 2012
Buenos Aires – Ar
PROBLEMA:
Como são desenvolvidas as práticas de ensino de Leitura e Compreensão textual na disciplina de língua portuguesa, nas turmas de 5º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Agostinho Pinheiro, na cidade de Ipiaú-BA, entre os anos de 2012 e 2013?
OBJETIVOS:
GENERAL:
Compreender como se processa o ensino da leitura na aulas de língua portuguesa para a formação do leitor proficiente.
ESPECÍFICOS:
1. Explorar as idéias associadas ao ensino da compreenção-leitora.
2. Descrever a importância outorgada pelos docentes ao trabalho com a leitura e a formação de leitores.
3. Verificar se o trabalho realizado pelo professor em sala de aula está contribuindo para a formação do leitor proficiente.
2.2 MARCO TEÓRICO:
No final dos anos 70 começaram a surgir estudos mais aprofundados sobre leitura. Desde então, nasce uma visão distinta da corrente behaviorista, a qual acreditava que a compreensão da leitura se dava de forma linear e mecânica. Para essas novas ciências, o leitor é visto como um ser inteligente, imprevisível, capaz de criar hipótese e interferir em seu contexto social.
Para o desenvolvimento deste projeto de pesquisa, tomaremos uso de uma dessas ciências: a Linguística com alguns dos seus ramos de estudo, são eles: Semântica, Análise do Discurso, Sociolinguística, Psicolinguística e A linguística textual. Essas novas correntes, colocam o leitor como personagem principal para o estudo da leitura, tendo como principal objetivo a leitura como prática social, aceitando o indivíduo como um ser criador e transformador de uma realidade posta, por meio da palavra.
“Dessa postura teórico-metodológico diante da língua, decorre o caráter científico da Linguística, que se fundamenta em dois princípios: o empirismo e a objetividade. A Linguística é empírica porque trabalha com dados verificáveis por meio de observação, é objetiva porque examina a língua de forma independente, livre de preconceitos sociais ou culturais associados a uma visão leiga da linguagem.” (FIORIN, 2006, p.21)
A semântica é um dos ramos da linguística que procura investigar a relação dos significados no discurso, e a relação existente entre a linguagem e o mundo. Por meio deste embasamento teórico, o pesquisador que toma como seu objeto de estudo a dinâmica da leitura, verificará que as relações entre significado e significante não podem estar restritas apenas a uma única situação, mas outros fatores deverão ser considerados, como os conhecimentos prévios do leitor, a tipologia textual analisada, entre outros.
Outro ramo da linguística que iremos tomar como suporte para nossos estudos será a Análise do Discurso, uma vez que toda produção de linguagem, seja por meio do texto escrito ou falado, poderá ser considerado um discurso e todo discurso carrega em si certo grau ideológico de dominação, onde o aluno deveria está preparado para desvendar o discurso subjacente contido no texto. Alguns estudiosos, ao investigar as relações de poder, afirmam a existência de uma ideologia que reforçam a divisão de classe, nas escolas isso não é diferente, pois é por meio da palavra que podemos reproduzir as ideias de uma classe dominante ou desmistificar alguns conceitos postos como imutáveis “como a ideologia deve ser estudada em sua materialidade, a linguagem se apresenta como o lugar privilegiado em que a ideologia se materializa” (MUSSALIN, 2001.p 104).
Já a Psicolinguística, agrega conhecimentos vindos de estudos da Psicologia e da Linguística, o seu foco é a relação existente entre as estruturas linguísticas e o cognitivo, entre a linguagem e o pensamento. O interessante desta abordagem cognitiva, é que concepções tradicionais acerca da leitura são questionadas. Em uma classe com trinta alunos, por exemplo, o professor não poderá esperar uma resposta homogênea de uma proposta de leitura e interpretação. Daí a Psicolinguística, veio abordar justamente os fatores cognitivos que são individuais e inerentes a cada indivíduo, onde seu tempo e espaço deverão ser respeitados.
A linguística textual também será uma linha da linguística a ser considerada neste percurso, pois esta nova teoria reconhece que os elementos que compõem o texto, se tornam um critério de estrema importância para auxiliar ou não o leitor na compreensão do mesmo. Desta forma, o texto passa a ser analisado dentro do seu contexto e a ser compreendido não como algo que contenha uma verdade única e absoluta, mas como um processo, fruto de situações sociolinguísticas diversas. A linguística textual, diverge do estudo tradicional e se dispõe a analisar a estrutura do texto, o contexto em que foi elaborado, o autor do mesmo. Para assim dar suporte ao processo de leitura e interpretação por meio do leitor.
É certo que a Linguística com os seus ramos de estudo abordados acima, contribuirão para a fundamentação teórica deste trabalho, e auxiliarão para um processo de conhecimento e reflexão a cerca da leitura, e dará base para um novo olhar diante desta questão.
Estes conhecimentos teóricos trarão suporte para uma questão bastante relevante sobre o processo de formação do leitor: existe uma distinção entre letrar e alfabetizar; No início do século XX, surgiu um outro conceito à ser agregado ao termo alfabetização, pois até o momento a escola tinha a preocupação em trabalhar a decodificação das palavras, por meio de conhecimentos descontextualizados, onde não preparava o aluno para adquirir competência para o uso da leitura. Desta forma o letramento traria um conhecimento contextualizado. O letramento seria “ o conjunto de práticas sociais ligadas à leitura e a escrita em que os indivíduos se envolvem em seu contexto social” (Soares, 2001, p. 72 ). Pois diante da tarefa de Desenvolver no aluno a competência leitora, é preciso levar em consideração o texto escrito, e os modos de interação com este texto.
Continuando a análise sobre a questão da leitura, verificamos que o Brasil apresenta dados preocupantes no que se refere à formação de leitores:
“Cada ano, avaliações de diferentes portes dão conta de que, no Brasil a escola vem falhando na sua função de formar leitores ( ... ) A propósito, em algumas escolas, nem mesmo essa condição básica de ensinar a decifrar os sinais da escrita tem tido o êxito esperado”( Antunes, 2009, p. 185)
Segundo alguns estudiosos, isso vem acontecendo porque os professores não reservam tempo em seu planejamento para o trabalho com a leitura. Segundo algumas pesquisas, o docente dedica a maior parte das aulas de português para o trabalho com a gramática tradicional, decorar regras não disponibilizando tempo para o aluno encontrar gosto pela leitura.
“Esse ensino descontextualizado tem transformado em privilégio de poucos o que é um direito de todos: a saber, o acesso à leitura (...). Lamentavelmente, até o momento, aprender a ler, ou melhor, ser leitor, tem sido no Brasil prerrogativa das classes mais favorecidas. Quer dizer, os meninos pobres são levados a se convencerem de que têm dificuldades de aprendizagem e portanto não nasceram para leitura” (Antunes, 2009, p.186)
Um professor com uma metodologia errada, somado a outros variantes, contribuem para fazer o aluno a desacreditar em sua capacidade de se tornar um bom leitor. Desta forma, esse trabalho visa investigar algumas causas para a compreensão desta realidade. Lembrando que é responsabilidade social focalizar as funções sociais e individuais da leitura.
É também função da escola desenvolver no aluno as competências para se tornar um bom leitor. Ampliar seus saberes, para que assim o sujeito esteja preparado para enfrentar as mais diversas situações da vida. Todos tem direito a este bem tão precioso, que possibilita a informação e a ampliação de conhecimentos.
2.3. ESTADO DA ARTE
Estudos na área de psicologia realizados por Inchausti (2011) nos mostra, por meio dos conhecimentos desta ciência, a problemática da leitura. As inferências desses estudos, revelam que o indivíduo possui habilidades cognitivas distintas, portanto, uma metodologia tradicional na qual muitas vezes o professor de língua portuguesa aplica, onde espera um único resultado de uma turma heterogênea, apenas contribuirá para a formação de sujeitos passivos, incapazes de estabelecer uma relação crítica com o texto lido. Inchausti certifica-se que será apenas por meio de uma leitura compreensiva que o indivíduo terá suporte para resolver situações vivenciadas no dia-a-dia. Portanto, esta leitura acontece inicialmente por meio da decodificação das letras porém percorre um caminho de inferências, interpretação e intimidade com o texto. “é possível ensinar, no contexto formal de sala de aula, a leitura compreensiva mediada por um professor com conhecimentos específicos das estruturas de texto e dos processos cognitivos envolvidos no pensamento desses. ( Inchausti, 2011 ).
Para esta pesquisadora, um dos principais problemas dos estudantes da rede pública de ensino referem-se a vocabulário e á interpretação de textos. E a principal causa para atrapalhar o avanço cognitivo do estudante seria a relação rígida existente entre o professor e seus alunos, onde a concentração e a atenção seria seriamente prejudicada, causando assim a falta de uma leitura compreensiva. Portanto, para a autora, a relação professor-aluno, se torna peça fundamental para a formação de leitores.
Oliveira reforça a ideia da importância da leitura na formação do indivíduo “ Por meio de textos é que convivemos, porém não se faz suficiente produzir texto mas interpreta-los para que ocorra a transformação de leitores competentes e para a inserção nas práticas sociais de linguagem” (Oliveira, 2011 p.2) .
Em sua tese, Oliveira afirma que a decodificação da palavra escrita se torna de fundamental importância para a formação do leitor, mas ela continua afirmando que apenas essa habilidade não é suficiente. O próximo passo seria a compreensão do que foi lido, e como processo contínuo, perpassar as fronteiras do texto e estabelecer as fronteiras com o mundo. “ uma instituição de ensino que oferece uma interpretação pronta para o aluno, acaba exercitando uma interpretação única do texto e isto significa um obstáculo à leitura criativa.” Oliveira, (2011 p.115)
Em sua pesquisa ela cita técnicas importantes que muitas vezes o professor não utiliza, mas que seria de extrema relevância para o trabalho com o texto: a técnica de sublinhar, elaborar resumos críticos e esquemas entre outras. Entretanto, ela verifica que o professor ainda não desenvolve competência de leitura nos alunos, por não estarem dispostos a uma reflexão mais apurada sobre o tema da leitura.
Vários estudos comprovam que o estudante brasileiro concluem seus estudos com muitas dificuldades para a leitura, isso despertou preocupação em alguns pesquisadores.
Avaliações externas de âmbito internacional, nacional e estadual, comprovam as dificuldades que os alunos do ensino fundamental possuem no que se refere às habilidades para a leitura. O PISA ( Programa de Avaliação Internacional de Estudantes ) da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que verificam competências de estudantes na faixa dos 15 anos de idade,em 2006, sinalizou alguns dados: participaram dessa avaliação 57 países. Os países que tiveram as maiores médias em leitura foram Coréia (556 pontos), Finlândia (547 pontos) e China (536 pontos). Os alunos brasileiros, por sua vez, alcançaram a média de 393 pontos, o que coloca o Brasil nas últimas posições.
Esses resultados, que evidenciam baixo desempenho para a leitura, indicam que a ação metodológica dos professores, o papel administrativo da escola e os órgãos oficiais não estão contribuindo para a melhoria do quadro existente.
Lembrando que é mais de um variável contribuinte para este problema como as variáveis econômicas, sociais, culturais e políticas: famílias de baixa renda sem recursos para investir na educação de seus filhos, grupos sócias que não reconhecem a importância do ensino crítico e professores que não encontram muitas facilidades para investirem em seus estudos.
Wannmacher, doutora em Letras pela PUCRS, Em seus estudos, verifica que o problema para a formação de um leitor consciente seria a falta da ampilação de números variados de textos, os quais encontram-se em circulação em nosso meio social, para ela o trabalho pedagógico deveria considerar essa diversidade cultural,
considerar os portadores de texto, como os jornais e as revistas, os gêneros textuais como, notícia e anúncios e os tipos textuais existentes.
Para a autora, é importante que o docente selecione com critério os tipos de texto, procure encontrar com o aluno o objetivo para a leitura e respeite principalmente o conhecimento de mundo do leitor. Segundo ela, o leitor não consegue compreende o que ler porque em muitos casos ele tem poucos conhecimentos prévios do conteúdo a ser lido ou até mesmo da linguagem do texto.
Para Wannmacher, um outro ponto muito importante seria as informações extratextuais. Desta forma a escola deveria propor atividades diferenciadas de leitura. Ela observa também que é comum os professores de língua portuguesa realizarem atividades de leitura e escrita, todavia com pretexto de estudarem a gramática que por sua vez abordam conhecimentos distantes da realidade com conteúdos e regras tradicionais e normas a serem decoradas.
2.4. ESTRATEGIA METODOLÓGICA
Este projeto de pesquisa assume um enfoque qualitativo, com a finalidade de compreender como a Escola Municipal Agostinho Pinheiro trabalha a Compreensão Leitora do Aluno do 5º ano.
O trabalho será realizado por meio de pesquisas teóricas, associadas à realidade analisada.
Desta forma, adotarei os seguintes procedimentos:
- Pesquisa bibliográfica sobre o tema escolhido;
- Entrevistas com os professores de língua portuguesa;
- Entrevista com 20 alunos;
- Observação direta das aulas de língua portuguesa;
- Análise documental: livro didático, caderno do aluno, avaliações, atividades;
2.5 CRONOGRAMA TENTATIVO DE ACTIVIDADES.
Meses
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1º
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2º
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3º
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4º
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5º
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6º
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7º
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8º
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9º
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10º
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11º
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12º
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13º
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14º
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15º
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16º
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Levantamiento bibliográfico
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Montaje del proyecto
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Aplicación de cuestionarios
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Visitas para observación
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Recopilación de datos
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Elaboración de la disertación
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Revisión del texto
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2.6 BIBLIOGRAFÍA
ANTUNES, IRANDÉ. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
FIORIN, J. L (org). Introdução à Linguística l: objetos teóricos. 2. Ed. São Paulo: Contexto, 2003.
INCHAUSTI. Graciela de Jou. As Habilidades Cognitivas na Compreensão da Leitura: Um processo de Intervenção no Contexto Escolar. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Psicologia. 2001
MUSSALIN, F.; BENTES, A. C. ( orgs. ). Introdução à Linguística 1: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001.
OLIVEIRA. Monica Lopes. Competência leitora e habilidades de leitura: prática reflexiva e participação crítica. HUMANAS :Revista UniABC – v. 2, n. 2, 2011.
RANGEL. Tania Dificuldades de Aprendizagem na Leitura. seionline.net/artigos/... – Portugal
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica. 2001
WANNMACHER, Vera Pereira Aprendizado da leitura: problemas e caminhos. Doutora em Letras pela PUCRS. 2010
Programa de Avaliação Internacional dos Estudantes. Disponível em http://www.inep.gov.br/download/internacional/pisa/PISA2006. Acesso em 04.06.2020.
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